sexta-feira, 23 de julho de 2010

Pela América do Norte: Saindo de fininho pra não ser pego pela imigração

O segundo parceiro que fiz quando cheguei nos EUA foi um português chamado Daniel. Júnior, meu vizinho de albergue e quem me ajudou a conseguir o primeiro trabalho na terra dos yankes, que apresentou-me o “baixinho poliglota” da terra de Pedro Alvarez Cabral.

Segundo Daniel, na Europa, principalmente em Portugal,  os filhos completam 18 anos e logo saem de casa para fazer suas vidas. Com meu novo amigo não foi diferente, logo que chegou nas 18ª primavera, foi morar na Alemanha.Da terra do Hitler ele foi para a terra de Roberto Baggio, a Itália. Da Itália, voltou para Portugal, passou pela Austrália e foi para nos EUA, pois tinha um irmão que estava morando por lá.

Ele é daqueles caras que faz qualquer tipo de serviço, principalmente em restaurantes. Um cara, que mesmo com a pouca idade, 24 anos, já era bem vivido, tinha uma certa bagagem cultural, tanto que falava fluentemente cinco línguas.Bom, agora que já apresentei Daniel, chego ao principal ponto desse post. 

O baixinho da terra dos nosso colonizadores me ajudou a consegui meu segundo trabalho na América: outra vez dishwhashing, em um Pub que ele tinha trabalhado. A diferença é que no Mon Poul, a cozinha não era prioridade e o trabalho a ser realizado era muito mais leve, já que o carro chefe do local era a bebida.

O “pico” era um longe/pub. Lugar fino, onde os drinks ditavam o ritmo da noite.  Na cozinha trabalhávamos em quatro: eu e três chefes. Elida, Ruy e Andrew.A chefona era Elida, cabo-verdiana, que já tinha sido casada com Ruy, que era português e viciado em cocaína.  Andrew era um jovem chefe americano, que mais fumava no pátio do que cozinhava, ehehe, brincadeira, mas era parelho!  No comando da tropa de elite, Stive, um português simpático e educado.

O estabelecimento era legal, porém, a cozinha não funcionava, não existia a mínima sintonia. Elida sempre ao telefone com as filhas, Ruy, quase toda hora no banheiro “esticando uma carreirinha” e Andrew, fingindo que trabalhava, ia toda hora no pátio dar uns “pegas na bilola”.

Aí tu imagina quando o trabalho apertava, era discução geral, em tudo que é tipo de língua. Foi numa dessas discussões que quase perdi um pedaço do meu dedo. Quando Ruy e Andrew começavam a brigar, sobrava pra mim, pois eles largavam as frigideiras fervendo na pia, onde estavam minhas queridas mãos.

Numa dessas brigas, Andrew pegou uma frigideira e em vez de largar na minha pia,  deu na cabeça de Ruy, abrindo um ROMBO em sua testa. Foi um muvuca geral, um cliente chamou a polícia e aí o bixo pegou valendo. Até porque, muitos dos funcionários eram ilegais, inclusive eu.

Eu ainda tinha visto de permanência, mas não não poderia trabalhar em território americano. Aproveitei que a cozinha já estava fechando e quando percebi que os policias chegaram no local, tirei o avental e me infiltrei entre os clientes, até ser revistado e liberado. 

Desfecho

Voltei no outro dia e pedi as contas para o patrão, porque fiquei com medo que a imigração batesse novamente no pub e eu acabasse me comprometendo no país do Tio Sam. Porém, meu chefe disse que a decissão era minha, mas ele não iria me pagar se eu trabalhasse até ele arrumar outro. O que eu ia fazer? Reclamar para quem se eu estava trabalhando ilegalmente.

Com medo, não trabalhei, não recebi e acabei tendo que procurar outro trabalho sem os dólares do Mon Poul que estavam no meu planejamento. 

Até o próximo post, bom final de semana.

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