segunda-feira, 23 de agosto de 2010

O outro lado: "Só o Crack fazia eu esquecer o rancor", diz Derli Paliano, catador de lixo

Derli faz R$ 30 por dia: Trabalha em média 15 horas
“Derli Paliano, 30 anos, morador de rua e catador de lixo. Vagabundo, não!” Foi dessa forma que o filho de lavrador, natural de Otacílio Costa, me respondeu quando o abordei para solicitar a entrevista para minha matéria.

Uma resposta defensiva, bem diferente da desenvoltura que Derli teve diante da luz vermelha de RECORD da minha câmera. O andarilho saiu de sua cidade natal e andou por alguns lugares da região, como Gaspar e Blumenau. Começou a catar lixo por influência dos irmãos ainda novo, com oito anos, em Otacílio Costa.

Dos 21 aos 28, foi casado. Logo divorciou-se e viu sua “casa” começar a cair. Inconformado com a separação, Derli acabou como milhares de brasileiros: morando na rua e sustentando a epidemia do crack. “Tentei afogar a raiva no álcool, na maconha, mas só o crack me fazia esquecer o rancor que tinha dentro de mim”, lembra o andarilho.

Há cinco anos vivendo em Itajaí, o catador de lixo mora com seu irmão em um barraco num terreno baldio do bairro Fazendinha. A jornada de trabalho dele começa cedo: “Às oito horas já estou na rua catando meu material. Às vezes vou até a 1h da manhã”, conta. Ele cata todo lixo reciclável que encontra no caminho que faz até o bairro Promorar, local de entrega e comercialização do lixo. “Faço em média R$ 30 por dia”, diz.

Perguntado o que ele faz com o dinheiro que ganha, Derli responde com naturalidade: “Crack, cigarros e comida. Fumo duas, três pedras por dia”, relata. Segundo o catador, existe muito preconceito e são poucas as pessoas que ajudam na sociedade. “Eles não te olham como um catador, mas sim como um drogado, como um vagabundo. Ninguém ajuda. Quem vai me dar um banho? Quem vai me dar um emprego? Pra eles sou mais um “pedreiro” (como chamam usuário de crack), desabafa.

Saiba mais sobre a vida de Derli na entrevista exclusiva que ele concedeu ao jornalista Deivid Couto. O homem conta sobre suas andanças, preconceito e sonhos. Confira no vídeo abaixo!



SEGUNDO A PSICOLOGIA….

A psicoterapeuta Melissa Haigert Couto, descreve em seu artigo “CRACK: A PREOCUPAÇÃO DE TODOS”, porque os usuários tornam-se dependentes da droga tão facilmente: “O Crack é uma droga muito mais perigosa do que as drogas que eram usadas há um tempo. Ela vai direto ao Sistema Nervoso Central, sem se propagar e fazer outros caminhos pelo organismo, então, causa dependência imediata”, explica a psicoterapeuta.

Melissa, ainda em seu artigo, questiona o porquê do aumento elevado de doentes dessa epidemia, que se espalha em grande proporção por todo território brasileiro, inclusive em áreas rurais. “O que levaria tantas pessoas ao uso de Crack, mesmo correndo o risco de morrer devido ao consumo? Seria pelo prazer físico que gera? Seria o desejo de afirmação, transgredindo as leis de uma sociedade? Uma busca interminável por uma falta que necessita ser preenchida?  

- Nenhuma resposta é a mesma, nenhuma causa é igual e cada um tem um problema que para ele justifica plenamente sua atitude. Mas, a busca é comum entre eles, a do prazer imediato que acontece sem esforço algum, apenas com o consumo, por ser estimulados os “centros de prazeres” que também são chamados de “sistema de recompensa do cérebro”. “Essas estruturas nos causam alegrias quando criamos algo bonito, concretizamos algo com satisfação ou simplesmente realizamos algo que nos dá prazer”, completa Melissa.

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