quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Cultura no Cadeião: Se depender dele, novo Presídio terá Biblioteca

“Etnologicamente, filosofia é amizade ao saber. A pessoa que se torna amiga do saber consegue se compreender melhor na sociedade, compreender seus direitos e seus deveres, suas mudanças e até mesmo seus erros. A leitura enriquece, engrandece a consciência.” (Nahor Lopes)

O sonho era instituir uma escola e dar aulas, mas devido à burocracia e a falta de estrutura física, surgiu outra idéia: construir uma biblioteca no Presídio Regional de Itajaí.

Inspirado no filme “Um sonho de liberdade”, desde 2005, quando o professor de filosofia e história do Colégio Salesiano, e de ensino religioso do Colégio São José, Nahor Lopes, 25 anos, ainda era seminarista quando e esteve fazendo uma visita a um colega de Grupo de Jovens no Cadeião de Itajaí o projeto vem sendo construído e fortalecido. 


Hoje, Lopes tem mais de 300 livros e algumas prateleiras, conseguidos através de doações de populares e livrarias.“Nessa visita eu percebi que muitos detentos necessitam de ocupação e que algum projeto deveria ser feito para essas pessoas pudessem por em prática o direita a cidadania, afinal, todo mundo merece uma segunda chance”, diz Lopes.

O professor comentou que ao assistir o filme, viu que o projeto poderia ser desenvolvido. “Vendo o filme Um Sonho de Liberdade e o projeto sendo executado na ficção, eu percebi que há uma possibilidade de através da cultura que difusa desde milênios através dos livros, você colocar para eles uma forma de oportunidade pra que orientem-se e possam até mudar de vida através da leitura, da discussão. Isso é uma conquista de cidadania muito grande”, comenta o mentor do projeto.

Conforme Lopes, o projeto ainda não foi entregue oficialmente para a Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa do Cidadão, nem para o Conselho da Comunidade, porém, já existe o contato com a psicóloga responsável pelo sistema carcerário. “Falta eu fazer o contato oficialmente, mas já conversei sobre o projeto com a psicóloga encarregada. Quero ver se consigo instituir a Biblioteca no novo Presídio, onde certamente terá um espaço para realizarmos esse trabalho. Vou conversar também com o Conselho Municipal, estou à disposição para ajudar efetivamente na funcionalidade da ação”, completa o professor.

A PSICOLOGIA EXPLICA

Para Fabíola Cargnin, psicóloga, Especialista em Saúde Mental e consultora de RH da Conpetenza Consultora e RH , “oportunizar o ser humano com trabalhos calcados em um sistema de humanização é fundamental para que consigamos a interação, a construção dos sentidos e a formação de sujeitos participativos e que refletem sobre si e sobre a realidade em que vivem”.


A psicóloga ainda questiona sobre como o hábito pode ser benéfico ao cidadão: Em que sentido o texto literário, a leitura, pode contribuir para pessoas que encontram-se em regime prisional? 


- Partindo da premissa que através da leitura o homem é capaz de ampliar o seu conhecimento e a sua visão de mundo, é importante viabilizar ao sujeito, que está, neste momento em regime prisional, o acesso a uma biblioteca, onde ele possa realizar o encontro com o novo, com o imaginário, com o conhecimento. Esse envolvimento possibilita aos sujeitos a construção e desconstrução da sua própria realidade, onde o leitor atribui sentido ao que lê e esse efeito de sentido poderá levá-lo à transformação da sua realidade, completa Fabíola.

AJUDA

Seja um parceiro da cultura. Doe você também um livro para a Biblioteca do professor Nahor, que futuramente poderá ser do Presídio Regional de Itajaí. As doações devem ser entregues no Colégio  Salesiano, no centro de Itajaí, ou no Colégio São José, na rua Silva 365.

Confira abaixo o áudio com a entrevista na íntegra do professor Nahor Lopes:

“Os presos tiveram seu direito de liberdade privado, mas eles têm como seres humanos, na sua dignidade protegida pela constituição e pelos direitos humanos, ter uma segunda chance. E para eles terem uma segunda chance, eles precisam saber disso, ter conhecimento, ter cultura....” (Nahor Lopes)

Tempo do áudio: 6min47seg

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