terça-feira, 21 de setembro de 2010

Liberdade de Expressão: Casais de homossexuais falam de preconceito e aceitação

Por Daiane Benso
daibenso@hotmail.com


Ser humano ainda está preso a ideias moralistas e ao que é convenientemente aceitável

Baln. Camboriú – Vive-se num mundo globalizado, com acesso a milhares de informações e tecnologias inovadoras. Porém, o ser humano ainda está preso a muitos preconceitos e ideias moralistas. Quem sofre com isso?  As pessoas diferentes, que não vivem de acordo as regras estipuladas pela sociedade ou com o que é convenientemente aceitável, como por exemplo, os casais de homossexuais.

Ana Claúdia Cifuentes, de 21 anos, atualmente desempregada, homossexual, moradora de Balneário Camboriú, resume como as pessoas devem aceitar a própria sexualidade. “Viver livre, sem mentiras, no mundo das adversidades”.

A jovem, que namora há um ano Andressa Sartori, diz sentir-se tranquila em relação a sua escolha e contou que o preconceito veio dentro da própria casa. “Não devo nada pra ninguém na rua, por isso, não me preocupo com o que pensam. Mas em casa foi mais difícil, nunca tivemos muito diálogo, e pra eles é normal querer que os filhos casem e tenham filhos, e quando eu contei, aos 14 anos, não foi fácil”. Conforme Ana, com o passar do tempo a família começou a entendê-la e hoje a aceitam e a respeitam.

SEM JULGAMENTOS

Para o jornalista homossexual, William Delluca Martinez, de 24 anos, também de Balneário Camboriú, o preconceito sempre existiu para tudo o que é novo e diferente. Ele até frisou que até os anos 70, tanto nos Estados Unidos da América como nos países europeus, a homossexualidade era tratada como doença e não como opção sexual. Martinez acredita que a escolha de cada pessoa não dá o direito de julgamentos alheios. “Antes de eu ser homossexual, eu sou pessoa, jornalista, poeta e músico”. O jovem, que namora há um mês, entende que é difícil para a família aceitar a escolha dos filhos, mas que com tolerância, a relação fica mais fácil.

“Não se pode cobrar dos familiares que aceitem de uma hora para outra a criação de anos, no entanto, a tolerância de ambas as partes tem que haver sempre. Além disso, antes das pessoas te aceitarem como gay, tu tem que se aceitar”, enfatizou Martinez.

PSICOLOGIA

A opção sexual por uma pessoa do mesmo sexo pode ser explicada por correntes da área de psicologia. Conforme a psicóloga com formação psicanalítica, Claudete de Moraes, a homossexualidade pode ser explicada tanto pela questão hormonal como construção do individuo. “Essa tendência já existiu desde a Grécia Antiga, no inicio da civilização. É algo que se aflora de forma intensa e gera muito conflito”, ressaltou.  

A psicóloga enfatizou que pessoas homossexuais devem buscar a felicidade e estar bem consigo mesmas. “Se não aceitarem o que há de forte dentro delas mesmas, seus desejos e necessidades, viverão infelizes, angustiadas e depressivas”, explicou Claudete, destacando que hoje existe mais aceitação da sociedade quanto à união de casais do mesmo sexo.

REPROVAÇÃO

O que mais aflige os homossexuais é a repercussão que a escolha pode gerar no grupo familiar. “Existe o medo da opinião alheia e reprovação do grupo familiar. No entanto, é primordial que estas pessoas vivam de forma transparente, sem medo”. Ainda conforme Claudete, muitos pais entram em depressão ou têm problemas desencadeados pela escolhas dos filhos. “Tudo isso poderia ser evitado, pois a aceitação passa pela palavra amor e respeito. Os pais precisam amar os filhos mais do que tudo e independente das escolhas”, concluiu.

PESQUISA

Uma pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisas Sociais da Universidade do Vale do Itajaí (IPS Univali) apontou que 53,5% da população de Balneário Camboriú, Camboriú, Itajaí e Navegantes é contrária a liberação do casamento entre pessoas do mesmo sexo. O índice de pessoas que aprovam a oficialização da relação é de 35,52%. Não tem opinião formada ou não sabem somam 10,98%.

 O levantamento também demonstrou que os jovens aceitam com mais facilidade a relação. Entre os 16 e 17 anos o índice de pessoas que disseram que o casamento homossexual deve ser legalizado chegou aos 59,26% contra 33,33% contrários.

A aceitação é maior entre as pessoas com nível superior incompleto a completo. Para 49,43% dos entrevistados com nível superior completo o casamento entre homossexuais deveria ser legalizado contra 47,13% que não são favoráveis a liberação. Com formação superior completa os números ficam entre 47,43% a favor e 41,53% contrários. Ensino médio incompleto é a única faixa entre as demais em que os números também são favoráveis ao casamento homossexual com 45,83% a favor para 45,24% contra.

ENQUETE

Você é a favor ou contra a união de casais homossexuais?

1)      “Sou a favor. Não tenho preconceito a nada. Mas acho que eles devem ser discretos”. (Fábio Henrique Lippert, 29 anos, autônomo.)
2)      “Sou a favor. Cada um tem uma opinião e devem fazer o que querem”. (Antonio Machado, 60 anos, operador de máquina.)
3)      “Pra mim é indiferente. Cada um tem sua opção e o seu livre arbítrio”. (Elaine Cristina, 33 anos, atendente de cafeteria).
4)      “Sou a favor. Cada um faz o que quer da vida. Porém, sou contra a adoção dos casais homossexuais, pois a criança tem dificuldade na formação”. (Silvia Evrard, 30 anos, psicóloga).
5)      “Sou a favor, por que acredito que as escolhas das pessoas devem ser livres”. (Daniela Ferreira, 34 anos, empresária).

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