Foto e texto: Bruxo
Como um bom amante de surfe e do esporte, e não podia ser diferente, pois a modalidade é simplesmente fantástica, resolvi me interar do esporte mais tradicional desta terra linda e maravilhosa que é a Santa & Bela. Qual a minha surpresa? Que além dos nove títulos catarinenses por equipe, os irmãos, campeões mundiais, Teco e Neco Padaraz começaram na modalidade na associação de Surfe de Balneário Camboriú (ASBC). Sinceramente, eu achava que a dupla era de Floripa.
Mas descobri mais! Descobri que James Santos trouxe da Califórnia pra Maravilha do Atlântico um mundial amador. Descobri que Ícaro Cavalheiro, natural da ilha das Cabras, e Luli Pereira foram campeões catarinenses em todas as categorias: mirim, júnior, open e profissional. Atualmente, eles são árbitros da primeira e da segunda divisão do surfe mundial.
Segui descobrindo, até porque pra mim isso tudo é novo. Descobri que vem surgindo um novo nome no cenário mundial: Willian Cardoso, atual 25º do World Qualifying Series (WQS). Entusiasmei-me e pensei: Pô, vai dar uma matéria legal! Fui então saber sobre os campeonatos e os circuitos que rolam na cidade. Qual a minha segunda surpresa? Que de 2006 pra cá, os números de competições vêm caindo.
Pra se ter uma ideia, em 2006 foram realizados quatro campeonatos Pro AM (campeonato profissional onde os amadores podem ganhar 50% da premiação), três etapas estudantis, uma etapa do campeonato Catarinense Profissional e o Surfe Games (interassociações catarinenses). Em 2007 teve um Pro AM e um estudantil a menos. Já no ano seguinte, a cidade seguiu com os três Pro AM, os dois estudantis, voltou a ter o Surfe Game e o Catarinense Profissional. Porém, em 2009 rolaram apenas dois campeonatos amadores.
Não consegui entender como uma cidade que é uma fábrica de campeões e tem uma associação de surfe tão respeitada, que chegou a ter 10 etapas de circuito local em um ano, possa ter apenas dois campeonatos amadores durante 365 dias. Fui atrás pra tentar achar o motivo e acabei descobrindo que existia a liga de Esportes Radicais de Balneário Comburiu (LERBC).
A LERBC foi fundada no dia 12 de maio de 2003, com a função de dar suporte às modalidades não olímpicas da city, caso do surfe. No dia 27 de novembro de 2007, a câmara de vereadores de Balneário Camboriú aprovou e sancionou uma lei que autoriza a o poder executivo, através da fundação Municipal de Esporte (FME), a repassar a bagatela de R$ 126 mil à LERBC pra divulgar o esporte do município e incentivar a prática esportiva.
O primeiro artigo da lei é claro, e diz que a entidade é obrigada a apresentar as contas do ano anterior ao setor de controle interno do município pra poder receber a grana novamente no ano seguinte. Caso contrário, o repasse do dinheiro seria suspenso.
Elder Leão, presidente da LERBC de 2004 a 2009, diz que, entre 2007 e 2009, a liga realizou 133 eventos com a verba da lei nas 21 categorias que integravam a entidade. Ele também afirma que prestou conta ao município e que a liga está com o CNPJ limpo pra receber a grana, mas que por divergências políticas não vê a cor do dindim. “Depois que mudou o governo, não recebemos mais nada da prefeitura. A fundação não quer nos ajudar, é uma baita sacanagem”, lasca o também ex-presidente da ASBC.
Elder ainda fala que agora, em vez de repassar a grana pra liga, a FME distribui uma mixaria pra cada associação. “Ao invés de darem o valor proposto por lei para a liga, eles repassaram R$ 8 mil para cada entidade. Com esse valor não dá pra fazer muita coisa”, afirma.
O perrengue do surfe camboriuense não é só porque a verba da lei não vai mais pra liga. Segundo Elder, a prefeitura perdeu alguns recibos da prestação de contas de 2006 da ASBC, comprometendo a situação do CNPJ da associação. “Eu entreguei tudo, mas eles cobram uma dívida de cerca de R$ 40 mil”, diz. O ex-mandachuva da LERBC também afirma que tem como comprovar, mas que a FME não o recebe pra conversar e a questão pode ir pra dona justa. “Nós não somos profissionais da contabilidade. Apresentei alguns recibos errados e não aceitaram, mas entreguei tudo certinho e os caras não me recebem. Sei lá o que eles fizeram com a papelada”, completa.
Sandro Bernardoni, superintendente da FME, diz que não tem nada a ver com a suposta inadimplência da ASBC e que, se eles estiverem devendo, quem tem que cuidar do caso é o Ministério Público. Mas o abobrão garantiu que a verba que era repassada pra LERBC está incluída no orçamento de R$ 1,2 milhão destinado à realização e apoio de eventos esportivos das 31 modalidades existentes na city. “A lei autoriza, não obriga. Nós preferimos gerenciar esse dinheiro pra todas as modalidades do que repassar à LERBC”, explica o chefão.
O superintendente ainda afirma que serão gastos mais de R$ 1,9 milhão em manutenção e reforma de complexos esportivos, R$ 1 milhão na implantação do projeto de surfe Onda Perfeita, R$ 260 mil na compra de um ônibus, R$ 150 mil em construção de praças esportivas e R$ 100 mil em revitalização de espaços esportivos comunitários.Com mais R$ 1,5 milhão, usados pra manutenção das atividades administrativas da fundação, o chefão da FME fecha o orçamento do esporte pra 2010. “Ainda vou sentar com o prefeito e discutir a distribuição desse dinheiro. Quero dar prioridade para as reformas dos ginásios”, frisa.
Sandro também fala que os ginásios estão em péssimas condições de prática desportiva. “Vai lá no Irineu Bornhausen pra ti ver o estado dele. Temos que deixar nossas quadras em condições apropriadas para a prática. Hoje, no estado que elas estão, facilmente uma pessoa pode sofrer uma lesão”, completa.
Prioridades da FME pra 2010
- Recuperar espaços esportivos municipais que não estão adequados pra prática esportiva;
- Conseguir transferir pro município os terrenos onde há ginásios e campos pra receberem recursos federais;
- Desenvolver escolinhas e melhorar as condições dos esportes de alto rendimento;
- Onda Perfeita - O projeto visa adequar o canto da praia do Buraco, que possui fundo de pedra, para formação de ondulações permanentes pra prática do surf;
- Reformas dos complexos - A prioridade é reformar os ginásios Irineu Bornhausen, assim como o ginásio Sérgio Lorenzato e fazer o preventivo de incêndio no ginásio Ivo Silveira pra promover eventos esportivos.
- Espaços comunitários - Manutenção dos campos de futebol e das quadras de areia.
- Praças esportivas - Criação da praça da Juventude, em parceria com o governo federal. Mas esse projeto só é viabilizado se a cidade tiver no mínimo 200 mil pessoas. Por isso, a ideia é fazer uma parceira com alguma cidade vizinha. Segundo o superintendente da FME, é preciso um terreno de 55 x 75m pra construir ginásio, quadra poliesportiva, pista de skate e uma área pra realização de eventos das diversas modalidades existente no município.
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