terça-feira, 18 de maio de 2010

Artistas colorem a cidade e mostram que o grafite não é pichação e tem valor artístico

Texto e foto: Daiane Benso
daibenso@hotmail.com

Baln. Camboriú – Mesmo sendo considerada por muitos como vandalismo ou poluição visual, a Arte Grafite vem ganhando espaço nas ruas de Balneário Camboriú. Desmistificar o preconceito através da expressão artística e da transmissão de ideias continua sendo o principal objetivo dos grafiteiros.


“Muitos dizem que somos vândalos e marginais”. São com essas palavras que o grafiteiro D.K, o Diant, conta a reação das pessoas diante das pinturas e desenhos feitos nos muros e paredes públicas. “As pessoas não sabem distinguir a diferença entre pichar e grafitar. A pichação sim polui visualmente, mas o grafite colabora para deixar as paredes mais bonitas, sem o amarelado”, disse o também grafiteiro Felipe Emanuel Podesta.


Segundo Diant, que há dez anos é grafiteiro, e Podesta, que há dois pinta em muros, muitos dos trabalhos realizados têm a autorização da Secretaria de Cultura ou de moradores. “Nós pedimos a autorização da prefeitura, e quando o terreno é particular, do próprio morador”, explicam. Conforme eles, falta apoio e incentivo dos órgãos governamentais. “Gostaríamos que reconhecessem a nossa arte como profissão. É a minha sobrevivência”, disse Diant, que enfatizou a necessidade dos grupos de grafiteiros pedirem ao governo que olhasse com atenção para este trabalho.


O Centro, Barra Sul e o bairro das Nações são os locais onde geralmente os grafiteiros fazem a sua arte. “Durante a semana ficamos observando os locais que necessitam de um colorido e no final de semana grafitamos”, contou Podesta.


MATERIAL


Os grafiteiros utilizam um spray específico para a arte, bem como tinta látex e espátula para tirar o limo e eventuais sujeiras da parede. “Utilizamos mais de 150 cores. Uma lata custa R$ 6 e pintamos aproximadamente três metros quadrados”, explicou Podesta. Conforme ele, as pessoas deveriam ver com outros olhos a Arte Grafite, pois em vez de deixar branco ou amarelo um muro, se tem a oportunidade de colorir.


“Esse trabalho é um vício, gosto de criar personagens próprios e utilizar cores não tão vibrantes”, salientou Diant, diferentemente de Podesta, que prefere as cores mais quentes. “Geralmente eu faço desenhos da natureza, de plantas, e utilizo cores vibrantes”.


De acordo com eles, uma pintura de grafite tem média duração. “Depende muito do tamanho do muro e dos detalhes, mas basicamente a Arte Grafite tem duração de quatro anos”, ressaltou.


RECONHECIMENTO


A empresária Merilin Stalosh, que passava na rua 1061 quando os grafiteiros pintavam o muro no último fim de semana, disse que eles deveriam ser mais valorizados. “Eu acho lindo esses desenhos e essas pinturas. Eles deveriam ganhar para fazer isso e ser mais respeitados pela população. Realmente o que eles fazem é arte”, concluiu.

Nenhum comentário:

Postar um comentário